
Todos nós imaginamos que aquele mundo existiria para sempre, por isso não havia sequer o medo de que o tempo passasse e houvesse uma devastação a qualquer momento. Isso era aparentemente impossível: não se destrói o intocável. Nada nem ninguém atravessaria aquelas portas e janelas. Então houve o pior, algo tão inimaginável que até agora me perturba o acontecimento deste fato: nossa fortaleza roeu por dentro, as suas estruturas estavam comprometidas desde o início da construção. É impossível culpar alguém por isso, nem mesmo o destino poderia ser responsabilizado. A casa agüentou o quanto pôde, mas surgiram as rachaduras, e a queda de um ou outro azulejo, depois os danos se tornaram mais aparentes, o telhado que descia... ou diminuíamos para caber ali, ou saíamos antes de ver o melhor que havíamos tido completamente em ruínas. Fomos cada um para um lugar diferente, andamos perdidos por aí, separados e unidos pela lembrança daquela fortaleza de calma.