terça-feira, 26 de setembro de 2017

Os dragões não conhecem o paraíso

Hoje pela manhã arranhei o carro em uma pilastra. É a primeira vez que me acontece algo assim em 14 anos de direção. Tentei arrumar umas coisas aqui, sabe, e não arrumei nada.
Atrás da caixa rota da máquina de escrever, que sequer consigo definir se era verde ou cinza, achei "Os dragões não conhecem o paraíso" do Caio F, e aí me lembrei do que queria te escrever. Do diário que te falei, lembro de trechos soltos, da primeira vez que me viu com alguém e da cara de tristeza que você estava, aquilo apertou meu coração e eu só queria te abraçar. Eu não lembro se te abracei, daí nasce essa necessidade perene de achar aquele diário bobo e ler seu nome nele. 
No meio do seu excesso de agressividade e rebeldia, eu só via carinho e, hoje ainda, eu sempre vejo... e continuo querendo te dar todos os abraços que antes não te dei. 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Florbela

"Ampara-me, ensina-me a crer, a ter confiança, diz a verdade mas a verdade que seja boa que me não faça chorar como esta verdade que eu trago dentro de mim como uma chaga a doer sempre."

terça-feira, 8 de julho de 2014

incolor ou the flying dream


Essencialmente, representava tudo que eu não precisava ter e ilogicamente tinha. Eram as olheiras pela manhã, o torpor diurno, os ápices de euforia e a posterior depressão visceral. Os dias contados e os que sequer notei passar, tudo arrastado e arremessado violentamente em algum lugar que nunca visitarei. Eu via minha vida toda passar ali, borrada, tingida com as cores que eu nunca gostei. Nada era parecido com o que eu esperava, nada era nem de longe a melhor parte da minha vida que pensei conseguir naquele instante, aquele instante. Quando as memórias ou as idealizações cessam e percebe que era aquele quadro que perseguia por toda a existência, como se não houvesse dia antes ou depois daquele momento. Como se todas as demais pessoas fossem desimportantes e dispensáveis. Analiticamente percebo que só eu fui dispensável a mim, foi muita perda por um rastro tão irreal.

imagem: richard wilkinson - the flying dream

domingo, 15 de dezembro de 2013

da beleza inventada

As cicatrizes viraram estrelas que contávamos todas as noites, felizes. Quantas mais surgiam, mais estrelado o céu ficava e tínhamos a sensação de que estava, afinal, ficando muito bonito com toda aquela luz nova.
Os espaços entre os dedos andavam avermelhados e os nós roxos de socos. Tanta cor, a da olheira, a do sangue no chão do banheiro, a do quebrado do nariz, era tudo muito lindo, superava o próprio arco-íris. Quando achávamos que havíamos completado a palheta, surgíamos com uma cor nova, um esverdeado na pele, por que não?
Os outros não viam muito, preto e branco, talvez. Não entendiam, não achavam graça no mundinho que construíamos para nós. Fazíamos sempre o mesmo esperando um resultado diferente. Era isso, um ciclo, um círculo ante a quadradeza das outras pessoas. Não tínhamos vértices, nem sanidade alguma.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

exploding

(anti)terapia explodingdog:



terça-feira, 18 de junho de 2013

passado.

Quando estou ao seu lado, não me reconheço, é como se fosse outra pessoa, um alguém único - eu me vejo de fora, como um terceiro corpo. Não sei se gosto dessa outra pessoa ou mesmo se o que ela ostenta é calma ou tristeza. Não sei dizer se o ar fica mais pesado ou sou eu que o peso. Não sei se isso é distorção ou conforto. Não sei sequer se me arrependo ou me encontro.

quinta-feira, 13 de junho de 2013