quinta-feira, 15 de outubro de 2009

frente e verso

I - A renúncia ou o enlouquecimento.

Ele acha que amor é perdição. Não acha a vida extraordinária há um bom tempo, talvez por isso crie fugas. Gosta de imaginar que a qualquer momento ela vai descobrir que o actual namorado é apenas uma paixão de verão, e com essa consciência súbita, perceberá que foi um erro largá-lo, e voltará para ele, para o que era antes.

Depois imagina que mesmo que ela voltasse, não deveria aceitá-la assim, não depois do que fez a ele. Então pensa que deveria ser mais homem, ela merecia ao menos um tapa bem dado... mas tem certeza de que não conseguiria bater, nem mesmo um tapa suave: acha uma covardia. Seria corajoso comprar uma arma, cheirar 30 gramas de pó e sair em busca do actual namorado da ex-namorada, seria corajoso dar uns 5 tiros no desgraçado.

Apesar da vontade, não se imagina sendo preso e cumprindo pena, não nasceu pra essas coisas. Uma doença fatal seria perfeita, câncer, esclerose múltipla, qualquer coisa, mas tinha de ser uma morte rápida, mas não tão rápida, ela tinha que ter tempo de ver o que tinha feito a ele. Ela tinha que sofrer por ter feito o que fez com o amor dos dois. Ele estava perdido e sabia disso. Sua vida ainda girava em torno de um amor que ela fazia questão de não lembrar, era um satélite indesejado.


II - A crueldade ou a Libertação.

Ela sabia que o esquecimento é uma dádiva e desde que se envolvera com o namorado de agora, fazia questão de esquecer aquele outro.
Não era por maldade, crueldade, sadismo e nenhum dos outros substantivos que ele gostava de frisar quando falava de como terminaram a relação. Era por isso que deveria esquecer. Não podia carregar eternamente a culpa por um amor que não dera certo.
Eles tentaram, eles se amaram, mas com o tempo aquilo sumiu, ninguém era mais o mesmo. Com o tempo a relação se tornou insuportável e não entendia como ele nunca enxergou isso, como ele insistia. Evitou os amigos comuns, os lugares que iam, as lembranças comuns. Evitou pensar nele como quem evita a dor. Estava apenas buscando um pouco de sanidade no meio do caos. Estava tentando ter uma outra vida. Então com o tempo, a lembrança dele passou de um fantasma desagradável a uma reminiscência suave de alguém distante e nesse tempo já conseguia falar dele novamente, porque ali já não lembrava da culpa.
Ela sabia que o esquecimento era uma dádiva e que não seria o Sol de um amor que não queria.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

pois é...

E o Rio de Janeiro continua... um caos!
06/04/2010

Será que consigo voltar para casa?! Raramente uso esse blog com o intuito de "oi, gente! ontem tomei sorvete".

Mas hoje realmente merece um relato. Ontem às 18h24 peguei um táxi da Urca em direção à Tijuca. Normalmente levaria uns 20 minutos, talvez 30... ok! Mas não... 2 horas e meia na porra de um táxi, momentos de terror com pivetes andando entre os carros procurando quem assaltar, para não chegar a sequer metade do caminho.

Desci do táxi, querendo comer o taxista com farinha por causa dos 50 reais que ele me arrancou pra NADA! e caminhei em direção ao metrô, mais 300 metros andando debaixo de chuva, atravessando enxurrada, e eis: um fila quilométrica para comprar o bilhete.

Comprei, o Fernando me buscou na estação, voltamos a pé e aí foi a melhor parte. Eu me senti num daqueles filmes hollywoodianos... pessoas andando no meio dos carros, os motoristas fora dos carros xingando o mundo, o vento, a chuva, a mãe... a água carregando tudo, gravetos de árvores pelo chão.

Enfim, um caos... o Rio de Janeiro continua um caos e eu tive que remarcar meu vôo pra amanhã, porque os taxistas se recusam a ir ao aerporto.

Morri.

PS: ah, a foto é da rua que fica aqui do lado.