domingo, 15 de dezembro de 2013

da beleza inventada

As cicatrizes viraram estrelas que contávamos todas as noites, felizes. Quantas mais surgiam, mais estrelado o céu ficava e tínhamos a sensação de que estava, afinal, ficando muito bonito com toda aquela luz nova.
Os espaços entre os dedos andavam avermelhados e os nós roxos de socos. Tanta cor, a da olheira, a do sangue no chão do banheiro, a do quebrado do nariz, era tudo muito lindo, superava o próprio arco-íris. Quando achávamos que havíamos completado a palheta, surgíamos com uma cor nova, um esverdeado na pele, por que não?
Os outros não viam muito, preto e branco, talvez. Não entendiam, não achavam graça no mundinho que construíamos para nós. Fazíamos sempre o mesmo esperando um resultado diferente. Era isso, um ciclo, um círculo ante a quadradeza das outras pessoas. Não tínhamos vértices, nem sanidade alguma.

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