sábado, 9 de outubro de 2010

auto-retrato

Os idiotas que se embebedavam naquela noite saiam trotando e cantando hinos incompreensíveis. Felizes como nunca foram ou como nunca seriam... até a próxima embriaguez.
Não se pode dizer que não há infelicidade no meio daquilo tudo, ela existe, claro, mas é preenchida com cigarros e mais cigarros e a nicotina misturada ao álcool faz deles deuses. Pode-se falar com todos e tudo. É a magnificência do espírito traduzida numa dose sobre-humana de etanol. Com as veias afogadas e as cabeças nas nuvens, não se precisa de mais nada, nem de razão, nem que órgãos funcionem perfeitamente. É só o coração que cresce um mundo e se arranca do peito, saltando como um monstro pacífico, como um motor movido a vinho e vodka. Um motor instável que transpõe qualquer problema. No outro dia a puta da cabeça explode, mas eles desconsideram e bebem de novo. Problema resolvido.