sexta-feira, 19 de junho de 2009

da convicção e da desistência

eu dizia era do tempo:
que corria ao lado dele lá
e você nem percebia o alento de cá

eu reclamava era do mundo
o vendedor de intrigas
ali além, acima do curador de feridas

fui eu que comprei a minha vida
fui eu que escolhi estar perdida
no meio das tulipas e bebidas

eu exigi da moça uma atriz
eu quis pintar de anis
fui eu que estraguei tudo
e foi por pouco, foi por tão pouco
foi por um triz.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

ab initio

A infância era uma época relativamente fácil, mas bastante conflituosa. Era incompreensível em diversos momentos, agitada por vezes, e na grande maioria, extremamente solitária. Gosto de pensar na infância com um limite de até 6 anos. Depois disso já havia uma consciência quase sociável e uma vida ocupada por diversos personagens. Tão longe do mundo de fantasias que costumava visitar nos anos anteriores.

Era interessante cuidar das formigas, pensar na vida que os adultos levavam e no papel que ocupava em relação àquilo tudo. Lembro de crises existenciais de uma menininha curiosa e inconformada. Deuses, a vida era tão limitada, e eu queria tão mais. Então assistia TV, passeava pelo quarteirão... lia livros e pensava sobre eles: a história de um papagaio de pirata e de uma menininha que namorava no portão, eu não me sentia criança.

Isso me acompanha desde então, uma alma velha num corpo jovem que em diversos momentos me seduz, mas no fim a alma sempre reclama.

ps: fico imaginando como a babá deixava uma criança de 5 anos passear sozinha pelo quarteirão.
ps2: quem disse que não temos lembranças antes dos 5 anos?!
ps3: até que ponto nossa infância determina o adulto que nos tornamos?
ps4: gosto de post scriptum.
ela queria era parar de pensar,
parar no tempo,
parar de querer,
parar em casa,
parar de qualquer coisa.

"Eu, você, e todos os encontros casuais

os ais e os hão de ser"

Marcelo Camelo - Tudo Passa