sábado, 9 de fevereiro de 2013

c'est fini.

Eu detesto
a supressão de letras,
a distorção dos sonhos,
a covardia ensaiada.

A arte de detestar,
eu detesto
e domino.
Finito.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

sobre ilhas e joaninhas

Nasceu ilha, bastava-se.
A primeira lembrança que tem é de um pé de anis habitado por pequeninas joaninhas. Lembra da mãozinha estendida e do pensamento de tocá-las, pero foi retesado pela ideia de que não devia tirar-lhes o prazer daquele instante.
Como ilha que é, foi visitada por muitos náufragos; eles chegavam buscando terra firme e com o anseio recorrente de voltar aos seus continentes. Sem se encontrarem, faziam dali seu porto seguro, aprendiam a amar seus subsídios parcos, juravam a si mesmos que viveriam ali para sempre, felizes. Até avistarem um barco e outro e, por fim, um que os levasse de volta com um contentamento mal escondido que lhe rachava o terreno.
Mas não se opunha, eram como as joaninhas, deviam seguir a vida. E assim foi, assim é. Ela é uma ilhota, a qual não ensinaram que é proibido querer ser um continente habitado, com pessoas enraizadas: joaninhas que pousam em seu dedo, sem que ela tenha que cessar o cotidiano de alguém.

Bônus: