segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Destilados ou barba rala.


Suaves, deslizando nossos sonhos, permitindo mentiras exageradas e quadros fotográficos de unicórnios amarelos. Nada existia ali, existir o simples momento seria motivo pra expulsão do Olimpo e nós sabíamos que Jack Daniels nos tornava deuses melindrosos e mimados. Sabíamos desde o inicio que entre almas irmãs não há desejo, ou há. O Jack disse que talvez e os quatro goles confirmaram o pecado que convenientemente tornamos de outro no dia seguinte.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Do indesejável e sim! É pra você.

"O idiota fala, o tolo discute, o sábio escuta..."
(Provérbio chinês)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

é, clichê. é clichê.

A vida é clichê.
Prometi a ela que não cairia mais no buraco, estava esperta, desviava de olhos fechados e nas pontas dos pés.

Um dia caí.
Nem acreditei e fiquei ali, sentada no chão olhando o buraco, como se isso apagasse a queda.

Não apagou.
Lembro todos os dias que não houve discernimento ou malandragem que evitasse.

Em bom português:
me fodi.

Foder-me-ei ainda mais. Foderei também. Verei gente sendo fodida.

Porque não adianta inventar ineditismo, malandro.

No fim é tudo fim,
é clichê.

terça-feira, 21 de junho de 2011

oi sem contato.

Eu sonhei com você. Nos encontrávamos e você me enchia de críticas, dizia que minha blusa estava furada e estava mesmo.
No café da manhã fiquei olhando a sacada e imaginando onde estaria o gato: será que ainda moram lá?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

pancake, palcos e cigarro

Guardava ao lado do semivestido vermelho, de estilo espanhol e várias saias sobrepostas, um hábito negro e um terno acinzentado. Só usava o primeiro - quando usava -, as personagens cada vez menos precisavam de roupas.

Conferiu que havia trazido o cigarro e trincou os dentes só de lembrar do gosto de nicotina e alcatrão, odiava fumar, fora dos palcos nunca suportou o cigarro. Mesmo em casa, quando jovem, com seu pai sentado, chamando-a, com a gravata frouxa e o cigarro entre os dedos, e talvez justamente por isso o odiasse tanto: o pai e o cigarro.

Encheu-se de artifícios: pancake e mais pancake e mais pó e talvez mais pós e várias cores e o semivestido e o cigarro e cara pronta.

Subiu ao palco de madeiras velhas e soltas, olhou ao redor e começou o número. Bem à frente o mesmo velho repugnante com colarinho amarelado que insistia em lamber-lhe as orelhas em troca de enfiar uma nota azulada entre os seios. Era pra sordidez que estava ali, o estomago era socado por dentro, mas ferozmente sorria. Asco, os putos sentados e esfregando os paus. Asco, tudo. Era a hora de sentar na cadeira e fazer a “cara de que queria aquilo tudo mais que qualquer outra coisa no universo”, colocava o cigarro entre os lábios e tragava: o hálito medonho do pai. Mais asco. O inferno avermelhado e as luzes queimadas se apagavam. Palmas, vaias, assobios, xingamentos. Liberta. Era o fim.

Em casa deixava uma sacola com batatas para fazer depois; beijava o filhinho. Da sala ouvia o marido reclamar que era detestável aquele hábito de fumar escondida enquanto fazia compras. Ela prometeu parar, colocou o velho crucifixo de volta no pescoço, e disse que foi só um cigarrinho. Não mentira de todo, odiava mentir, desde os tempos do convento.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Hilda Hilst

Para poder morrer
Guardo insultos e agulhas
Entre as sedas do luto.

Para poder morrer
Desarmo as armadilhas
Me estendo entre as paredes
Derruídas.

Para poder morrer
Visto as cambraias
E apascento os olhos
Para novas vidas.
Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória.

Porque assim é preciso
Para que tu vivas.

(H. Hilst)

sábado, 16 de abril de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

twitter, caio ou borderline

Caio Fernando Abreu:


Não estou bem (e não me pergunte o que é “bem”, meu bem).



Caio Fernando Abreu:

Ainda não perdi a esperança de receber notícias suas. Sou tão inseguro, meu bem, não faça assim comigo não.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

homenagem.

Sabe. Eu queria era manda-lá se foder. Ela e as falsas frases de cortesia com suas mentiras veladas e desveladas. Não valia nada e sorria. Fingia que não sabia que era podre. Só fingia.

Você me passou gripe e um pouco de dignidade.

Ela, não quero mais ver, que me desculpe, mas aquele cinismo me enoja mais que o vomito daqueles dias.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

from twitter

Caio Fernando Abreu:

Tenho planos, claro (todo mundo tem). Mas objetivamente estou aqui sem nada à minha frente. O momento futuro é uma incógnita absoluta.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011