terça-feira, 8 de julho de 2014

incolor ou the flying dream


Essencialmente, representava tudo que eu não precisava ter e ilogicamente tinha. Eram as olheiras pela manhã, o torpor diurno, os ápices de euforia e a posterior depressão visceral. Os dias contados e os que sequer notei passar, tudo arrastado e arremessado violentamente em algum lugar que nunca visitarei. Eu via minha vida toda passar ali, borrada, tingida com as cores que eu nunca gostei. Nada era parecido com o que eu esperava, nada era nem de longe a melhor parte da minha vida que pensei conseguir naquele instante, aquele instante. Quando as memórias ou as idealizações cessam e percebe que era aquele quadro que perseguia por toda a existência, como se não houvesse dia antes ou depois daquele momento. Como se todas as demais pessoas fossem desimportantes e dispensáveis. Analiticamente percebo que só eu fui dispensável a mim, foi muita perda por um rastro tão irreal.

imagem: richard wilkinson - the flying dream