sábado, 18 de julho de 2009

clichê

Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor.
Que tem que ser vivido até a última gota.
Sem nenhum medo. Não mata.
(Clarice Lispector)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

melhor não dizer.

Dizer te amo e estagnar no resto
é como perder a calma com o vazio
que restou daquela relação decadente,
é como pedir perdão à demência passada.

Eu fui o que quis porque quis
e não deveria me explicar assim
de forma tão desnecessária e dolorosa
afinal já lhe entreguei o raio-x completo.

E o que mais espera? que eu minta?
Eu quero partir de súbito e pra longe
e fugir da insistência burra que me impõe,
que me impunha. Eu quero é ver as ondas.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

les jours tristes

Eu penso sobre quem exigia perfeição.

Errar e admitir erros era a minha especialidade.
Eu sou tão errada quanto sempre pude ser: minha patologia.
Mas sempre me redimi em perdões claros e explicativos.

Eu me pergunto sobre qual era a sua especialidade.

resoluções

ponto vírgula ponto ponto vírgula.
ponto final.


Então vamos à beleza e à intensidade:
Sentia náuseas por te imaginar em outros braços. Hoje vejo o céu borrado, um laranja que atravessa o azul petróleo, violento e lindo. O que sofri naquele dia não foi nada. Não será nada. Eu sei voltar ao escuro e à claridade num espaço de tempo quase imperceptível. Sinto-me crescendo, estranhamente. Ouço “Back to Black” e imagino que não é para mim que a Amy canta. Não, baby, não mesmo. Hoje o dia foi leve e sorridente. So Who? Who is going back to Black? Eu prefiro pensar nas lindas e vibrantes flores que vi no jardim ali ao lado.

terça-feira, 7 de julho de 2009

do indescritível

1. Os instantes são simples. Esse excesso de simplicidade em diversos momentos toma-me de angústia e de uma reviravolta física traduzida numa náusea constante. Essa limitação ao olhar o papel e não conseguir dizer mesmo com uma exatidão mínima o que deveria ser dito e nem mesmo fazer entender os sentidos, isto provoca angústia e a náusea, claro.

2. Seria exagerado classificar o que me ataca de demência? Porque sofro dessa deficiência racional e não enxergo nada que esteja a ponto de contê-la. É um cansaço de mim que transmito às outras pessoas, e quando me dou conta disso, a existência da demência me é dolorida e indiferente.

3. Gosto de chutar pedras e dizer-lhes que está tudo bem. Mesmo com a ausência das palavras que deveriam me aparecer. Digo-lhes da angústia e da náusea porque gostaria de dizer-lhes do resto que não se mostra em público, o resto não gosta da luz, nem dos palcos.