quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Estoca-me.

Com uma preguiça de melhorar...

I
Estoca-me.
Faz-me carne. Coma-me. Degusta-me. Usa-me. Descartável. Diz as ofensas de sempre e qualquer nova que possa me afundar em lagrimas. Hoje eu sou Dante e vou a todos os cantos em busca de uma salvação que nunca me permitirá. Eu serei nada se é isso que lhe falta, eu serei pouco se o muito não ocupa os ossos quebrados das nossas estruturas. Torna-me as vísceras desse amor, faz-me parte desse organismo que o que me resta lá fora já não me bombeia o sangue. Diz-me as verdades, se preferir, mesmo que eu prefira os sonhos, mesmo que seja para sonhar com muros ou murros, ambos indisfarçáveis.

II

Estoca-me.

Ao lado dos rotos e perecíveis. Guarda-me para amanha ou outro dia, para quando estiver cansado das outras bocas tão melhores que a minha. Eu resisto. Eu resigno. Mais do que ter, preciso querer. Preciso constar no seu dia mesmo como um incomodo, indesejável. Eu tenho desejo por nos dois.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não é necessário, melhorar.

Anônimo disse...

Entoca-te.
Faz da saudade um inesperado porvir. Cale tuas ofensas de sempre. Traga em sua nova atitude a ofensa mais admirável. Hoje me embasbaco e vou a todos os cantos em busca dos seus olhos e do que quero que eles vejam. Serei ausência, pois sou pouco e muito ocupa tuas estruturas. Faz-me surda do seu desejo. Faz-me brumas ao que bombeia teu sangue. Ponha-me no meu lugar, mesmo que seja distante, entre muros.

Entoca-te.
Faz-me lembrar as sensações de cada lado em que já estive. Guarda-me com tinta de caneta. Incomode-me com tua ausência no meu dia. Eu guardo o desejo por nós duas.